As imagens deste trabalho têm seu registro iniciado em janeiro de 2004, logo após a compra da câmera fotográfica digital que uso até hoje (Canon A300). Sob a intenção de testar as possibilidades do equipamento, carregava-o comigo em busca de interessantes imagens em minha própria casa. Esta característica, com o passar dos meses, passou a nortear um processo que ainda não terminou: olhar para perto, não buscar fora o que posso encontrar dentro de meus limites, valer-me das coisas com as quais tenho relação diariamente. E assim fiz dezenas de vezes. Com a máquina pronta para o registro, passeava pelo pátio, buscando pequenos animais entre o verde das folhas ou nas paredes com texturas que variavam entre o áspero cimento ou uma porosa madeira gasta pelo tempo.
Lembro-me, em meu primeiro ano escolar - no distante ano de 1987 e na não tão próxima capital federal Brasília -, de uma prática realizada diariamente após as aulas, ainda no gramado da escola: "caçar" gafanhotos e guardá-los em caixas de palitos de fósforo até chegar em casa, quando eram depositados em vidros de Nescafé com tampas furadas para fazer circular o ar no interior do recipiente. Os pequenos animais, obviamente, não suportavam por muito tempo, mas era interessante observar o comportamento dentro daquele espaço.
"Animacro", então, é uma maneira menos cruel de recolher pequenos animais e oferecer para apreciação. As fotografias foram obtidas com o equipamento programado em modo "macro", permitindo maior aproximação, diminuindo a distância entre fotógrafo e o que é fotografado. Como suporte para apresentação e com o objetivo de criar um sistema que provoque a participação do receptor que se relaciona com a exposição, foram escolhidas as caixas de palitos de fósforo. Fechadas, elas sempre convidarão o espectador a descobrir o que se esconde no interior.
Com isso, também, busco a resignificação de objetos como quem se esforça para conceder utilidade àquilo que, aparentemente, não serve mais. Os dias passam e a preocupação a respeito do destino dos "restos" parece pouco ocupar o tempo de fabricantes e consumidores. Talvez uma alternativa para a crescente quantidade de lixo produzida pelo homem seja a busca por objetos multifuncionais, que tenham um intervalo maior entre sua fabricação e o descarte, diminuindo a possibilidade de contaminação ambiental com as sobras sociais.
São vinte conjuntos, cada um confeccionado com 5 caixas. Quinze têm em seu interior fotos de pequenos animais. Em outras cinco, porém, palitos de fósforo preenchem o espaço interno, valorizando o objetivo de conferir diversas funções a uma mesma peça. Elas servem às fotografias, mas não deixam de ser "caixas de palitos de fósforo".
Exposições
III Salão Universitário de Arte da Unijuí. Luís Fernando, Rudinei Gomes Rodrigues e Simone Koubik Bortolanza (menção honrosa). Denise Maria Jung Reis, Fábio Daniel Vieira, Franciele Blaszak, Giovana Passing Grah, Haíssa Santos Martins, Marilene Stahlhöfer, Rogério Tubias Schraiber, Suele de Mattos Rodrigues e Taís Gettens Goi. 26 de setembro a 05 de novembro de 2007. Sala de Exposições Java Bonamigo, campus Unijuí. Ijuí, RS.
PRÊMIOS
Menção Honrosa no III Salão Universitário de Arte da Unijuí. Setembro de 2007. Ijuí, RS.
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